segunda-feira, 20 de maio de 2013

AS CHAVES PARA A EXCELÊNCIA DO MAESTRO por JOÃO WILSON FAUSTINI



Publicação autorizada pelo reverendo e maestro João Wilson Faustini - 20 de maio de 2013

Com estas chaves o maestro abrirá os segredos para a sua verdadeira excelência (*):


1. A CHAVE DO EXEMPLO:
Seja um exemplo físico na postura, movimentos e expressão facial:
Através da empatia, seja uma espelho para o coral, inspirando-o a cantar e a interpretar com vitalidade e energia, mas com liberdade e flexibilidade.
Seja um exemplo na liderança e no bom relacionamento: especialmente com os coristas. Trate-os com respeito, como pessoas, e não como objetos para alcançar o seu sucesso pessoal. Considere os outros músicos, os que tenham outras escolas ou técnicas diferentes. Relacione-se sempre bem com outras pessoas e políticos.
Seja um exemplo de vida: um bom modelo de caráter que possa imitado. Seja organizado, consciente e focado.
Seja um exemplo de fé: Procure transmitir fé através da música. Da fé provem a harmonia. As vozes nunca se harmonizarão se não houver harmonia nos relacionamentos. Da fé provem a paz, a esperança e a verdadeira alegria.

2. A CHAVE DO OBJETIVO
Através do canto e da arte coral, com seriedade ou mesmo através de entretenimento, procure transportar os seus coristas e ouvintes mais perto do Artista Supremo. A música é o meio mais adequado para nos elevar até Deus.

3. A CHAVE DA COMPETÊNCIA
Adquira competência musical: teoria e pratica musical, harmonia, historia da música, estilos do repertório nacional e internacional. Desenvolva sua própria voz, dominando a técnica vocal. Aprenda a respirar e a empostar corretamente sua voz para poder, você mesmo e não outra pessoa, ensinar com autoridade e corrigir os coristas durante os inúmeros problemas vocais que podem ocorrer durante o aprendizado das peças. Frequente concertos, ouça outros corais, ao vivo ou em gravações. Aprenda a por em prática as coisas boas, que deve imitar, e a reconhecer as coisas ruins, que deve evitar. Familiarize-se com o repertório das grandes obras corais da literatura, cantatas, oratórios, missas, os motetos das diversas épocas da historia, e operas. Conheça os instrumentos da orquestra, e mesmo a literatura orquestral e organística. Lembre-se de que precisa ser estudioso e aberto a técnicas de regência ou vocais diferentes. Há muitas maneiras de se cantar corretamente e há técnicas diferentes de regência, respiração e de emissão da voz, que chegam a resultados semelhantes.
Tenha competência em sua língua nativa: Aprimore o seu Português. Aprenda tudo o que puder sobre métrica, poesia, prosódia, prosa, para poder verificar se há erros de acentuação e manter os tempos fortes dos compassos coincidindo com os acentos das palavras. Aprenda outras línguas para cantá-las corretamente.
Aprenda a interpretar textos: Como o canto coral e canto vocal são uma fusão de texto e música, ambos são importantes para uma interpretação genuína. Saiba sintetizar e reduzir o conteúdo do texto de uma estrofe poética ou de um paragrafo em prosa, a uma ou duas palavras apenas. Aprenda a usar sua expressão fisionômica para criar a atmosfera necessária do conteúdo do texto encontrado na redução ou síntese. Isto é muito importante para a verdadeira interpretação de textos, porque dará ao regente não só a atmosfera, mas também ajustará o andamento e a dinâmica que o texto exige. É muito fácil de se deixar ser levado pela beleza da música, e ignorar totalmente o que o texto expressa. Os “lieder” de Schumman, Schubert e outros compositores que escreveram extensivamente para a voz são excelentes para nos ajudar a compreender este processo, chamado de “durchkomponiert”, através do qual muitos desses compositores alemães consideravam o texto tão poderoso no seu conteúdo dramático, ao ponto de os levar a mudar a melodia ou harmonia de uma peça estrófica, saindo do seu padrão já estabelecido anteriormente na peça, para acomodar o drama e tornar mais vivo o conteúdo de uma palavra ou frase.

4. A CHAVE DA TENACIDADE
Descubra novos talentos brutos e desenvolva-os. Transforme-os em pedras buriladas e preciosas, que cantem e encantem e sejam instrumentos de louvor a Deus através da arte.    Trabalhe com “garra” para conseguir desenvolver o potencial intelectual, musical, vocal e espiritual do seu grupo. Incomode o coristas preguiçosos!

5. A CHAVE DA HUMILDADE
Jamais permita que o sucesso do seu trabalho suba à sua cabeça. O mundo musical é cheio de arrogância e inveja. Saiba lidar com as vitórias e sucessos sem se gabar ou achar que só você é o melhor. Mesmo que tenha trabalhado arduamente, nunca pense que o sucesso veio unicamente pelo seu esforço pessoal. O bom resultado sempre depende do esforço de todos!
Dependure na sua memoria todas estas chaves. Não deixe que nenhuma delas fique enferrujada pelo desuso ou esquecida... Você verá que o seu coral responderá com entusiasmo, dedicação e transformação de suas próprias vidas, lideradas por você! Elas se sentirão realizadas e abençoadas, e compreenderão que podem ser instrumentos maravilhosos para difundir a arte, a beleza e a alegria a milhares de seus ouvintes.

(*) Conselhos dados em homenagem especial ao competente maestro Leandro Gafke

 Biografia do Maestro João Wilson Faustini

Natural de Barirí, no estado de São Paulo, desde menino foi muito interessado em hinologia, música sacra e música coral. Aos 13 anos era o único organista da Igreja Presbiteriana Independente de Pirajuí, SP. Em 1948 foi para o Instituto “José Manuel da Conceição” em Jandira, SP, onde estudou regência coral, deu aula de órgão e integrou o 
coral regido por sua mentora e professora, Evelina Harper, uma missionária americana.




Em 1952, após substituir a sua professora por um ano na regência do coral e no ensino de música na mesma instituição, ela o encaminhou, com bolsa de estudos, para o Westminster Choir College, em Princeton, NJ, nos Estados Unidos, onde adquiriu o seu Bacharelato em Musica, com ênfase em órgão e canto. Nessa universidade estudou regência coral com John Finley Williamson, recebeu o prêmio da melhor composição de musica natalina em um concurso promovido entre os alunos, e apresentou-se em recitais de canto. Em diferentes épocas apresentou-se também como solista em diversas igrejas de New Jersey,Pennsylvania, Massachussets e New York.
De volta ao Brasil em 1955, formou-se em Canto Orfeônico e Canto, pela Faculdade Paulista de Música.
Seu Mestrado em música (SMD) com especialização em composição foi adquirido na Escola de Musica do Union Theological Seminary de New York, sendo o seu professor o compositor Joseph Goodman. Diversos dos seus mestres eram professores da Juliard School of Music. Participou de seminários e apresentações corais no Carnegie Hall e no 
Radio City Music Hall de New York, atuando também em Philadelphia, San Francisco e 
Princeton, com maestros como John Finley Williamsom, Guido Cantelli, Bruno Walter, Dimitri Mitropoulos Robert Shaw, Wilhelm Ehmann, Hugh Ross e Frauke Hassmann.
Participou como solista de diversas apresentações da Princeton Opera Association. De 1955 a 1964 dirigiu o Departamento de Música do Instituto “José Manuel da Conceição”, onde promoveu anualmente Seminários de Música, Festivais, Encontro Corais e apresentou-se em recitais de canto. Em São Paulo apresentou-se em recitais na Liga das Senhoras Católicas, e no MASP, e foi solista da Sociedade Bach na apresentação da 
Cantata 147 de Bach no Teatro Municipal, regida pelo maestro Martin Braunwieser. Foi 
também o evangelista, na apresentação da Paixão Segundo São João de Bach, em concerto da Sociedade Pro-Música de São Paulo, regida pelo maestro Luiz Roberto 
Borges. Em 1958 o coral do Instituto J.M.C, sob sua regência, ganhou 1º. lugar em 
concurso promovido entre as escolas secundárias do estado de São Paulo. Na mesma 
época foi regente do coral e organista na Catedral Evangélica de São Paulo. Fez diversas gravações com os corais do Instituto e da Catedral Evangélica, acompanhados de orquestra, com os quais também fez muitas apresentações. Traduziu e apresentou diversas Cantatas de Buxtehude, e as Cantatas 4, 11, 142 e 192 de J.S. Bach. Fez tradução e apresentou o oratório “O Messias”de Handel, trechos do “Judas Macabeus”, e muitas das obras de outros grandes mestres, como Mendelssohn, Brahms, Beethoven, Cesar Franck, Gounod, Haydn, Praetorius, T. Morley, Berlioz, Orlando di Lassus, William 
Byrd, Cherubini, etc.
Em 1959 preparou o coral da Catedral Evangélica de São Paulo e organizou um Festival de Corais onde mais de mil cantores se apresentaram acompanhados da Orquestra 
Sinfônica de São Paulo, sob a regência de Eleazar de Carvalho. No mesmo ano regeu também 
um coral de mais de mil vozes em uma cruzada evangelística de Billy Graham.
Como autor de textos, tradutor e compositor, tem produzido uma grande quantidade de hinos evangélicos e peças corais, que tem publicado desde 1957. Suas composições, arranjos e publicações, tem sido editadas pela SOEMUS (Sociedade Evangélica de Musica Sacra) Anualmente suas novas músicas são apresentadas pelos participantes dos 
seminários de música que realiza em São Paulo no mês de agosto. Estas publicações tem 
se tornado o maior acervo de música coral religiosa da língua portuguêsa. Muitos dos seus hinos foram incorporados nos hinários das igrejas Batista, Presbiteriana, 
Presbiteriana Independente,Luterana, Mormon e Exercito da Salvação. Muitos deles 
estão traduzidos para outras línguas, e aparecem em hinários da América Latina, Estados 
Unidos e Europa. É membro vitalício da Hymn Society of America and Canada, (Sociedade Hinológica dos Estados Unidos e Canadá). Além da vasta série de músicas avulsas e hinos que compôs, algumas coleções de musica coral, como “Os Céus 
Proclamam” em 5 volumes, “Ecos de Louvor”em 10 volumes, “Louvemos a Deus”, em 3 
volumes, e Ciclo do Advento têm sido usados extensivamente por muitos corais de todo 
o Brasil e no exterior. Outras publicações, coletâneas ou obras que compôs ou compilou foram a Paixão Segundo São João, Coros Varonis, Florilégio Coral, Hinos 
Contemporâneos, Sempre Louvarei, Vinte Cânones, 25 Hinos Novos Para Um Novo Dia
Outra Opção, (com temas folclóricos) e Cantai ao Senhor.Publicou também Gaudeamus, 
prefaciada pelo grande regente coral Hugh Ross. Esta coleção contem arranjos de Negro Spirituals, Lieder alemão, folclore brasileiro e americano e foi publicada para uso em suas aulas de Canto Coral e Regência, ministradas durante alguns anos nas Faculdades 
Integradas Alcântara Machado, Paulista de Música e Santa Marcelina, em São Paulo.

Fez parte da comissão que organizou o Hinário Evangélico, e coordenou a comissão que preparou o hinário Cantai Todos os Povos, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Publicou um livro entitulado “Musica e Adoração”, com orientação para regentes, cantores, instrumentistas e pastores, um livro de Tecnica Vocal para Coro, um panfleto entitulado “Teologia e Musica Hoje” e tem feito muitas palestras, seminários e também regido corais em muitas cidades do Brasil e do exterior.
Nos Estados Unidos publicou uma coleção em 3 volumes entitulada“Brazilian Organ Music”, e um hinário, “When Breaks the Dawn”, com mais de 100 hinos brasileiros 
traduzidos para o inglês. Um segundo livro de hinos, que usam melodias folclóricas 
brasileiras, também com textos em inglês, entitulado“The Heavens Are Telling”, está atualmente sendo publicado naquele país.
Em 1976 foi ordenado Ministro de Música e pastor, pelo Presbitério de São Paulo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, sendo o primeiro a ser ordenado para tal ministério no Brasil. De 1982 a 1996 foi pastor titular da “St Paul’s Presbyterian Church”, em Newark, NJ, nos Estados Unidos, de onde é pastor emérito. De 1997 a 2006 
foi organista e regente do coral da “Second Presbyterian Church” de Elizabeth, NJ. Com 
esse coral apresentou-se dominicalmente. Em ocasiões especiais, como Natal, Páscoa e outras datas do calendário litúrgico, preparou concertos especiais apresentando obras de grandes compositores com coral e orquestra.
Alguns de seus alunos se destacaram na música, como os maestros Zuinglio Faustini, seu irmão, Davi Machado, Luiz Roberto Borges (todos falecidos) Lutero Rodrigues e Parcival Módolo, e as organistas Dorotéa Kerr e Eliza Freixo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheci a música "natal brasileiro" e fiquei muito contente por alguém ter escrito algo assim mostrando a diferença marcante de nossa festa, mas com leveza e alegria. Obrigada!